Saiba o que é mito ou verdade nas disfunções do sono

Você tem 50 anos ou mais e está sentindo dificuldade em dormir? Conforme a idade vai chegando, dependendo do histórico e dos hábitos praticados, alguns aspectos da vida podem apresentar mudanças. Estar com o sono em dia é um dos sinais de boa saúde, mas vários fatores influenciam para que isso ocorra. O geriatra Felipe Bozi, médico da startup Nilo Saúde, uma clínica multidisciplinar digital, explica que há muitos mitos sobre o sono nas pessoas com 50+. “Mas, sim, acontecem alterações do sono relacionadas à idade que precisamos conhecer”, explica.

O especialista diz que acontece uma redução no tempo da fase de sono mais profundo, ou seja, o indivíduo mais velho tem um sono mais superficial, podendo acordar com mais facilidade e com pequenos estímulos de barulho e iluminação. Mudanças fisiológicas do organismo e algumas doenças também influenciam na qualidade do sono, causando a temida insônia. “As alterações de sono em pessoas acima de 50 e 60 anos são extremamente comuns. Acima dos 60 anos, entre 30 e 40% das pessoas vão ter algum episódio de insônia, que está diretamente ligada a uma piora da qualidade de vida”.

Antes de um diagnóstico, é necessário fazer uma avaliação do paciente, observando hábitos diurnos, noturnos e a rotina antes de dormir, já que essas condições impactam diretamente na qualidade do descanso. Se a pessoa toma alguma medicação isso também deve ser considerado, pois alguns remédios tendem a piorar o sono, assim com o uso de álcool e tabaco. Algumas doenças como apneia obstrutiva do sono, síndrome das pernas inquietas, depressão, demência e outros problemas de memória, também podem levar à insônia, piorando a qualidade do sono, causando sonolência diurna e até limitações nas atividades do dia a dia por cansaço. A avaliação médica é importante para um diagnóstico adequado e tratamento oportuno.

Para ter um sono de qualidade, é necessário manter algumas medidas de higiene do sono, que conseguem resolver a maior parte dos problemas de insônia primária. O geriatra da Nilo Saúde cita alguns exemplos: ir para a cama apenas quando estiver com sono, não tomar café ou outras bebidas estimulantes pelo menos 6 horas antes de dormir, não fazer atividades físicas nas 3 horas anteriores de ir para a cama – mas fazer atividade física durante o dia porque ajuda no padrão de sono, evitar tirar cochilos ao longo do dia e evitar fazer atividades na cama, como leituras, ver TV e usar o celular. “Mas a principal medida é manter uma rotina de acordar e de dormir, que se mantenha também ao longo do fim de semana”, comenta.

Se o paciente tem insônia secundária, em consequência das doenças citadas anteriormente, é preciso realizar um tratamento adequado antes, em sintonia com o reforço e estímulo das medidas de higiene do sono. Em alguns casos o médico deve encaminhar para uma terapia cognitivo comportamental direcionada para a melhora do sono, e, em último caso, prescrever o uso de medicações. “Existem diversas medicações que ajudam o paciente que tem insônia, os mais conhecidos são os benzodiazepínicos, a melatonina e as drogas z, dentre elas o zolpidem. Essas medicações, no entanto, precisam ser usadas na menor dose e pelo menor tempo possível para que a pessoa consiga ajustar a sua rotina”, completa Bozi. O médico adverte ainda que esses remédios têm efeitos colaterais a longo prazo, podem afetar a memória e aumentar o risco de queda, por isso não é recomendado o uso crônico. “Caso a pessoa já faça o uso crônico, é importante rever a indicação de manter essas medicações e fazer uma tentativa de retirá-las”, finaliza.

Texto: Bartira Betini – Betini Comunicação

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